A cada ano, milhares de pessoas necessitam construir um estoma. Qualquer que seja a razão, câncer, traumas, doenças inflamatórias, etc, a pessoa com estomia passa por transformações que interferem no seu dia a dia e por isso, apresentam muitas dúvidas, preocupações e dificuldades.
O estoma mudará nas primeiras semanas após a cirurgia em relação ao tamanho e características da eliminação das fezes e/ou urina. Além disso, pode haver também ganho ou perda de peso. A localização do estoma depende da parte do corpo que foi afetada. As Ileostomias e Colostomias estão relacionadas com o sistema digestório e saída de fezes, as Urostomias ao sistema urinário e saída de urina, portanto a localização no abdômen varia para cada indivíduo.
O paciente que se submete a cirurgia e torna-se um portador de estomia tem a possibilidade de desenvolver complicações a qualquer momento no pós-operatório, em decorrência de vários motivos, idade, alimentação, técnica cirúrgica inadequada, dificuldade no autocuidado, esforço físico excessivo, cicatrizes anteriores, dobras abdominais, obesidade e etc., que podem estar relacionadas com o estoma ou com a pele periestoma, sendo algumas mais frequentes no pós-operatório precoce e outras no pós-operatório tardio.
No pós-operatório precoce, cerca de até 7 dias após a cirurgia, destacam-se o edema (inchaço), a hemorragia (sangramento), a necrose (estoma preto, acinzentado) e o descolamento mucocutâneo (pontos se soltam da pele e estoma). Já no pós-operatório tardio ressalta-se o prolapso (saída da alça intestinal), a retração (afundamento da alça), a hérnia paracolostomal (abaulamento do abdômen ao redor do estoma) e as dermatites (irritações na pele periestoma) que podem ocorrer a qualquer momento da vida da pessoa com estomia.
O maior desafio está relacionado aos vazamentos. O contato de fezes e urina com a pele ao redor do estoma é a maior causa de irritações de pele. Uma vez que a pele torna-se irritada, o adesivo não se fixará adequadamente. Inicia-se então um ciclo vicioso de mais episódios de vazamento e irritações de pele.
É importante detectar a presença dessas complicações precocemente, conferindo sempre as condições do estoma, pele periestoma e o adesivo durante as trocas de equipamentos e procurar ajuda profissional quando necessário para que o melhor cuidado seja indicado.
Os adjuvantes são produtos desenvolvidos para solucionar essa variedade de complicações, sendo utilizados nessas ocasiões para prevenção ou para reforçar a aderência dos equipamentos coletores (bolsas) e proporcionar melhor adaptação e segurança. Eles consistem em pastas, tiras, pó, placas protetoras, cintos, fitas adesivas flexíveis de resina sintética, sendo a pasta um dos produtos mais utilizados. Todos são produzidos com produtos hidrocoloides, resinas amigáveis à pele e que absorvem o excesso de umidade.
A correção das irregularidades, vincos e depressões deve ser realizada com uso de tiras moldáveis ou pasta hidrocoloide, o que aumenta a adesividade entre a base e a pele, prevenindo assim os vazamentos e consequentes lesões.
O pó possui excelente capacidade de absorção de umidade, secreção e exsudatos, mantendo a pele seca e reduzindo a sua irritação, ideal para o tratamento das dermatites úmidas. As Placas Protetoras (quadradas) e Fitas Elásticas (em arco) são adesivos flexíveis, elásticos e macios que proporcionam proteção à pele ao redor do estoma, absorção de umidade, propriedades cicatrizantes e aumentam a área de adesividade e sensação de segurança.
Os cintos devem ser utilizados para auxiliar e melhorar a sustentação no abdome, garantindo segurança quando necessário e em associação ao uso de barreiras convexas no caso de estomas retraídos.
O uso dos adjuvantes é de suma importância para a boa adaptação da pessoa a sua condição atual, proporcionando o melhor cuidado, protegendo a pele, corrigindo as complicações e possibilitando o retorno às atividades do dia a dia, convívio social e trabalho com qualidade de vida.
Thais Salimbeni
Enfermeira Estomaterapeuta