A estomaterapia é uma especialidade do enfermeiro. Sua história relaciona-se com a história da medicina e da cirurgia, visto que com a evolução das técnicas cirúrgicas, em especial da cirurgia intestinal, a confecção de estomias ganhou espaço no tratamento cirúrgico de diversas doenças, como o câncer, as doenças inflamatórias, traumas dentre outras.
As dificuldades para o cuidado da pessoa com estomia motivaram Dr Rupert Beach Turnbull Jr, medico cirurgião da Cleveland Clinic, nos Estados Unidos da América (EUA) a convidar Norma Gill-Thompson, sua paciente ileostomizada e bem adaptada a nova condição, a auxiliá-lo no processo de reabilitação de seus pacientes, no ano de 1958. Norma Gill é considerada a primeira estomaterapeuta e a “mãe da estomaterapia mundial”.
Assim, um programa de educação direcionado para pacientes com estomias no primeiro momento teve inicio, mas em 1961 foi criado o programa de educação formal em estomias e reabilitação, que foi ganhando destaque e enfermeiras passaram a participar, sua ênfase estava nos aspectos práticos do cuidado.Em 1968 foi constituída a primeira organização de estomaterapeutas nos EUA 1,2.
Gradativamente outros cursos passaram a acontecer em outros pontos dos EUA e também fora do país e conferenciais anuais e Congressos passaram a acontecer, culminando com a criação do World Council of Enterostomal Therapists: na association of nurses (WCET), em 1978, com objetivo de promover a identidade da estomaterapia no mundo e o intercâmbio entre especialistas, padronização de condutas, aumento da qualidade da assistência a pessoas com estomias, feridas crônica e agudas e incontinência urinária e anal 1,2,3.
No Brasil, a especialidade teve início oficial com a criação do I Curso de especialização (lato sensu) em Enfermagem em estomaterapia, na Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo (USP), em 1990. Em 1992,pela Profa Dra Vera Lucia C G Santos e Dr Afonso Henrique Souza Silva Jr. A Profa Vera é considerada a “mãe da estomaterapia brasileira”. Até 1998 foi o único curso no país. Em 1999 acontece o curso da Universidade Estadual do Ceará, seguido em 2000, do curso da Universidade de Taubaté (SP). Atualmente o Brasil já possui 18 cursos de especialização, em diversos estados.
Em 1992, foi criada a Associação Brasileira de Estomaterapia:estomias, feridas e incontinências, é uma sociedade civil de caráter científico e cultural 1,2.
A estomaterapia no Brasil, neste ano (2015) completa 25 anos, com muitas conquistas, uma vez que os especialistas participam ativamente da assistência e gerenciamento da assistência em estomaterapia, ensino, pesquisa, consultoria e também das políticas públicas relacionadas às necessidades das pessoas com estomias, feridas e incontinências. Dentre as conquistas destacam-se: a portaria 400 de 16/11/2009, que estabelece a Diretriz Nacional para atenção à saúde das pessoas ostomizadas no Sistema Único de Saúde (SUS), a Revista Estima, único periódico científico da América Latina Especializado, conferências, seminários, jornadas e Congressos, destinados à divulgação de cuidados especializados1.
O enfermeiro estomaterapeuta é um profissional capacitado para cuidar com destreza e segurança de pessoas com estomias, feridas e incontinências, no âmbito hospitalar e ambulatorial, bem como na assistência domiciliar, possui também conhecimento sobre as diversas tecnologias disponíveis no mercado, podendo auxiliar paciente, familiares e cuidadores na atenção às pessoas que necessitam de cuidados especializados.
Referências
Thuler SR, Paula MAB, Silveira NI (Orgs). Sobest: 20 anos. Campinas : Arte Escrita, 2012.
Santos VLCG. A estomaterapia através dos tempos. In: Santos VLCG, Cesaretti IUR. Assistência em estomaterapia: Cuidando do ostomizado. São Paulo: Atheneu, 2000.
Gill-Thompson N.Enterostomal therapy: FROM THE BIBLE UNTIL TODAY. World Coun Enterostom Ther J, 10:30-4, 1990.
Profa Dra Maria Angela Boccara de Paula - TiSobest
Presidente da Associação Brasileira de Estomaterapia - Sobest
Editora da Revista Estima
Professor Doutor do Departamento de Enfermageme e Nutrição
Coordenador Adjunto do Programa de Mestrado em Desenvolvimento Humano
Universidade de Taubaté