Atribuições do psicólogo na equipe GAMEDII:
Através de atendimento ambulatorial, bem como na enfermaria, o psicólogo oferece suporte emocional e orientações para lidar melhor no convívio com DII, compreendendo os fatores psíquicos envolvidos no adoecer ou as repercussões que a doença trouxe na vida do paciente ou da família, também participa de reuniões de equipe multidisciplinar e organiza palestras e grupos de apoio, facilitando a troca de informações e experiências.
1. A doença inflamatória intestinal (DII) é emocional?
Não, a causa é desconhecida, acredita-se que fatores genéticos são determinantes na etiologia. Porém, o que observamos através de relatos dos portadores é que a instabilidade emocional parece ser um estímulo precipitador ou desencadeante de crise intestinal.
2. Por que a DII desestabiliza a vida como um todo?
A DII afeta, com maior frequência, o adulto jovem que geralmente está na fase mais produtiva da vida, e diante de uma crise, com a manifestação de diarreias e cólicas impede de manter a estabilidade de compromissos sociais, profissionais, familiares, afetivos, consequentemente muda a rotina com novas demandas por consultas, exames e tratamento; no inicio é difícil acomodar essas demandas e principalmente aceitar a doença e o tratamento, é necessário aceitação e enfrentamento da nova realidade para que se estabilize uma nova organização e dinâmica na vida.
3. Posso engravidar?
Sim, porém recomenda-se planejamento no período de remissão, bem como acompanhamento pré-natal com ambos especialistas, obstetra e coloproctologista.
4. O que vai mudar em minha vida após o diagnóstico de DII?
Assim como qualquer doença crônica, o convívio com a DII poderá ser mais tranquilo com a aceitação do diagnóstico e adesão do tratamento, entender as principais características, conhecer outros portadores e trocar experiências em como lidar com as crises e remissões. Na prática, quando atingir o período de remissão deve-se ter uma vida normal, praticar atividades de lazer, social, profissional.
5. Porque os meus sintomas e tratamento são tão diferentes dos indicados por outros portadores?
As DII possuem manifestações complexas e diferenciadas de acordo com a localização da doença, tolerância a medicamentos e dieta nutricional entre outros. Acredita-se que trata-se de uma doença sistêmica com diversas manifestações extraintestinais, e por isso os sintomas e tratamentos são individualizados.
6. Venho apresentando lapsos de memória “brancos”, há alguma relação com a medicação de DII?
Não há nenhuma comprovação que aborda essa relação entre medicações e lapsos de memória como efeito adverso. No entanto, pressupõe-se que o estresse emocional no convívio em lidar com o diagnóstico e tratamento seja um fator perturbador e assuma um desvio de foco central na vida do portador de DII. É recomendável gerenciar o tempo e as atenções em múltiplos papéis importantes, não apenas o de portador de DII, mas também os de pai, mãe, filho(a), esposo(a), namorado(a), amigo(a), profissional, lazer, enfim, exercitar a mente em outras aptidões e atividades, hobbies, esportes, filmes, livros. Álias, a leitura é um excelente exercício de concentração para a memória.
7. Tenho dificuldades em assumir compromissos agendados e sofro por antecipação.
Diante de algumas experiências traumáticas devido a urgência evacuatória, muitos portadores de DII passam a desenvolver transtorno de ansiedade e fobia de se alimentar na véspera de compromissos, visando obter um previsível controle intestinal. Algumas medidas são válidas por trazerem segurança, porém na vida não temos controle absoluto de tudo e quando o controle passa a assumir um comportamento repetitivo pode desenvolver um transtorno compulsivo obsessivo. A recomendação é seguir as orientações da equipe referente às medicações, dietas e controle da ansiedade, superar a barreira do medo, assumir a responsabilidade pelo tratamento é diferente de controlar todas as situações ao seu redor, a responsabilidade é fazer o que é possível, atitudes tais como aderir ao tratamento, medicações e dieta propostas, levar consigo roupa avulsa e lenços umedecidos e afins, para qualquer incidente, a aceitação do diagnóstico facilita o convívio com qualquer patologia e adesão, inclusive a comunicação com as pessoas com quem convive, pois ao compreender, aceitar a doença, haverá uma facilidade maior em transmitir essas informações em seu meio social, familiar ou afetivo, bem como contar com o apoio e compreensão dessas pessoas vinculadas.
8. Observo que minha libido diminuiu devido as crises de DII.
É comum que isso aconteça perante agudição da doença, afinal como buscar o prazer com estímulos desagradáveis de dores, cólicas, diarreia. Tenha paciência consigo mesmo(a) e não permita que a auto cobrança ou do parceiro(a) atormente ainda mais o seu processo de recuperação. Busque seu bem estar e saúde e consequentemente sua libido se reestabelecerá.
9. Como controlar a ansiedade?
É importante compreender que os sinais e sintomas de ansiedade visam proteger de algum risco ou de ameaça, real ou imaginária, no caso dos portadores de DII, as manifestações de ansiedade são decorrentes de um misto de eventos de sofrimento e constrangimentos reais e outras motivadas pelo medo antecipatório de riscos imaginários, e se tratando deste ultimo, é aconselhável o enfrentamento para dessensibilizar a fobia, ou seja, quebrar o medo enfrentando situações cotidianas e adquirindo segurança, algumas técnicas podem ajudar a adquirir serenidade, equilíbrio e autocontrole, tais como a respiração profunda e o relaxamento, que comprovadamente beneficiam e promovem um sedativo natural.
10. Por que me sinto tão fragilizada(o) emocionalmente com a mudança de auto imagem corporal?
A imagem que temos de nós mesmos é muito importante pois nos remete a segurança e a forma de como nos relacionamos socialmente. Assim, diante de alterações nesta imagem devido à significativa perda ou ganho de peso, lesões de pele, fraqueza podemos nos sentir fora de nosso eixo, é como se aquela imagem não nos representasse, ou não se reconhecesse em sua identidade, e neste conflito, pode se instalar angústia e até um episódio depressivo. A sugestão é não supervalorizar essas mudanças, exercite pensamentos positivos, pois com o controle das crises tudo vai passar e a saúde se restabelecerá, mentalize saúde perfeita e um corpo saudavel, ou seja, “Mente sã em um corpo são.”
Cleide Rodrigues de Castro
Psicóloga | CRP 06/45987