Atribuições do psicólogo na equipe GAMEDII
A atuação do psicólogo ocorre através de atendimento ambulatorial e nas enfermarias cirúrgicas, também participa de reuniões de equipe multidisciplinar e organiza palestras e grupos de apoio oferecendo suporte emocional e orientações para lidar melhor no convívio com a estomia, compreendendo os fatores psíquicos envolvidos no adoecer ou as repercussões que a mudança trouxe na vida do paciente ou da família.
1. Quais as restrições que terei com a estomia?
Na prática não há tantas restrições, é recomendável evitar esforço físico exagerado que sobrecarregue a musculatura reto-abdominal, evitar alimentos que provoque gases, adaptar o vestuário com roupas que ofereçam segurança, conforto e discrição, manter-se no peso ideal para facilitar a fixação da bolsa, carregar consigo roupas e acessórios avulsos para situações imprevistas.
2. Por que logo comigo?
Por diversos motivos uma pessoa pode ser submetida a esse procedimento cirúrgico, tais como acidentes, doenças ou complicações, é comum a manifestação de revolta com a questão: por que logo comigo? Porém, é importante valorizar esse procedimento com gratidão e otimismo, pois graças a essa evolução cirúrgica foi possível controlar o seu problema de saúde e continuar a vida ao lado de pessoas significativas e com os prazeres de antes.
3. Como conviver?
A aceitação é o primeiro passo para se comprometer a um convívio mais responsável e satisfatório, através dela haverá o enfrentamento de atividades cotidianas e adaptação de situações novas.
4. Posso ter uma vida sexual normal?
Sim, a libido ou o desejo sexual é determinado por atração, fantasias e estímulos erógenos, portanto a confecção de uma estomia não impede o ato sexual em si, o que ocorre é a mudança da autoimagem corporal, ou seja, a forma como a pessoa se vê e se relaciona com seu corpo pode sofrer alterações significativas, podendo causar constrangimento e desvalorização de si mesma com reflexo na falta de estímulos e desejo. Por isso, são feitas recomendações de alguns acessórios como lenços, lingeries apropriadas podem cobrir o estoma e darão segurança e discrição.
5. Como será a reação do meu parceiro(a)?
Se o relacionamento afetivo/sexual era satisfatório antes da cirurgia, a tendência é que haja um fortalecimento do vínculo, com maior cumplicidade e apoio. Porém, se o relacionamento já estava desgastado, o estoma não será o motivo, mas a “gota d'água” do fim de um relacionamento que já não ia tão bem e não havia suporte e apoio.
6. As pessoas irão perceber que uso a bolsa de estomia?
Não necessariamente, com a tecnologia atual os dispositivos são cada vez mais discretos e oferecem segurança e conforto, visando uma melhor adaptação. Portanto, a escolha de comunicar às pessoas que é portadora de uma estomia é pessoal, no entanto, acreditamos que o grupo familiar e amigos mais próximos poderão ser suporte e apoio.
7. Não consigo olhar a bolsa, por quê?
No inicio é comum a manifestação de algum tipo de resistência e aceitação, como se pudesse negá-la, ou ainda, como se não olhando ela não existisse, porém a experiência mostra que quanto antes assumir o autocuidado pela troca da bolsa, mais rápido irá adquirir segurança, autonomia e independência.
8. Posso engravidar?
Sim, porém será necessário um acompanhamento pré-natal com obstetra e coloproctologista.
9. Poderei frequentar praia, piscina?
Sim, cada vez mais as associações têm discutido esse tema de inclusão social da pessoa portadora de estomia. Nas redes sociais, algumas pessoas postam fotos de biquínis, maiôs, visando quebrar alguns tabus, preconceitos, e sugerir acessórios que ofereçam segurança e discrição, lembrando que a bolsa foi confeccionada para ser à prova d'água.
10. A minha estomia é definitiva?
Somente o médico coloproctologista que acompanha poderá responder, porém não se prenda apenas a essa questão, viva intensamente cada dia, pois a proposta da estomia é a vida.
Cleide Rodrigues de Castro
Psicóloga | CRP 06/45987