Reumatologia

Categoria: Reumatologia

1. Qual a chance de um paciente com DII apresentar manifestações articulares?
Os sintomas articulares constituem a manifestação extraintestinal mais comum das DII, ocorrendo em 10 a 20% dos pacientes, sendo que homens e mulheres são afetados igualmente. Ressaltando que tais manifestações podem preceder os sintomas gastrointestinais, assim como aparecer concomitante ou depois dos mesmos.

2. Quais as articulações podem estar envolvidas?
As articulações que podem estar afetadas são: coluna, onde o paciente apresenta dor e rigidez, principalmente pela manhã ou após o repouso; quadril; assim como outras articulações periféricas, como, por exemplo, joelhos e tornozelos.

3. Existe algum risco de deformidade?
Normalmente o acometimento articular se caracteriza por períodos de remissão e atividade, não deixando sequelas ou deformidades.

4. Existe relação entre as manifestações articulares e a atividade da DII?
Geralmente o acometimento das articulações periféricas coincide com a atividade da DII. Já nos casos em que há envolvimento da coluna ou quadril, este ocorre de forma independente da DII.

5. Existe outra manifestação frequente associada ao quadro articular?
Outra manifestação reumatológica bastante comum é a entesite, que é a inflamação do local de inserção de um ligamento, tendão, cápsula articular ou fáscia no osso. Mais comumente as entesites acometem os pés (tendão do calcâneo ou fáscia plantar) e joelhos (tendão patelar). As entesites podem ser isoladas ou associadas com artrite periférica ou envolvimento axial.

6. Quais são os diagnósticos diferenciais dessas manifestações articulares?
Entre os diagnósticos diferenciais destacam-se:
• Osteoartrite: sintomas e sinais articulares que estão associados a defeitos da integridade da cartilagem articular, além de modificações no osso subjacente e nas margens articulares.
• Osteonecrose: necrose avascular do osso, comumente afeta o quadril, joelho e ombro. Os pacientes afetados tipicamente foram tratados com glicocorticoides e a dor é desproporcional ao grau de limitação da amplitude de movimento passivo da articulação afetada.
• Artrite séptica: infecção da articulação

7. Há outras doenças reumatológicas que podem estar associadas às DII?
Sim, entre elas:
• Fibromialgia: síndrome dolorosa não-inflamatória, caracterizada por dores musculares difusas e migratórias, fadiga, distúrbios do sono e parestesias.
• Síndrome Sjogren: doença autoimune crônica, em que as células do sistema imune destroem as glândulas exócrinas, especificamente as glândulas salivares e lacrimais.
• Miopatias Inflamatórias: doenças musculares em que as fibras musculares não funcionam, o que resulta em fraqueza muscular. Cãibras musculares, rigidez e espasmo são sintomas e sinais associados à miopatia.

8. Quais achados os exames laboratoriais podem mostrar?
Não existe nenhum achado laboratorial específico, porém algumas alterações podem ser vistas: aumento no número dos leucócitos, anemia por perda sanguínea ou por inflamação crônica, marcado aumento no número das plaquetas (podendo ser maior que 700.000), elevação dos reagentes de fase aguda, tais como proteína C reativa (PCR) e velocidade de hemossedimentação (VHS). Outro resultado encontrado é a ausência do fator reumatoide.

9. Como é o tratamento da artrite relacionada às DII?
O tratamento é semelhante ao da DII, podendo ser administradas as medicações tais como: corticoesteroides, sulfassalazina ou mesalazina, metotrexato, azatioprina ou inibidores do TNF-. Lembrando que devido ao risco de causarem ulceração ou sangramento intestinal os anti-inflamatórios não hormonais não devem ser prescritos de rotina.

10. Em caso de indicação cirúrgica para tratamento da DII, as manifestações articulares também curam?
Quando o acometimento ocorrer em articulações periféricas e, no caso da Retocolite Ulcerativa Idiopática, há uma maior chance de remissão após a realização do procedimento cirúrgico.

Dra. Nathália de Carvalho Sacilotto
Médica Reumatologista | CRM 139187


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